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Martinelli, o líder ferroviário que não se rendeu



O líder sindical ferroviário Raphael Martinelli morreu, aos 95 anos, neste domingo (16), em São Paulo. O Núcleo de Preservação da Memória Política, do qual ele foi um dos fundadores, divulgou uma nota de pesar. Durante sua longa trajetória de militância, esteve em Bauru em várias oportunidades. Em 2012, por exemplo, foi homenageado pela Câmara Municipal de Bauru, que concedeu o título de ‘Cidadão Bauruense’, proposta do então vereador Roque Ferreira.
Martinelli nasceu em São Paulo, na Lapa, em 16 de outubro de 1924. Formado em 2009 também por outros ex-presos políticos, o Núcleo de Preservação da Memória Política informa que durante os primeiros quatro anos, Raphael Martinelli fez parte do conselho administrativo da entidade. Nos últimos anos, foi advogado do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil e membro fundador e Presidente Emérito do Núcleo dos Irredentos.
TRAJETÓRIA
Martinelli começou a trabalhar aos 12 anos. Antes de entrar na ferrovia, trabalhou na Vidraçaria Santa Marina e na Indústria Metalúrgica Tupi. Em 1941, ingressou na companhia São Paulo Railway, onde fez carreira e profissionalizou-se como ferroviário. No início da década de 1950, tornou-se líder sindical da categoria.
Foi candidato a deputado federal em 1958 pelo Partido dos Trabalhadores do Brasil (PTB). Entre os anos de 1959 e 1961, cumpriu seu primeiro mandato como presidente da Federação Nacional dos Ferroviários. Foi membro do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e, já no contexto da ditadura civil-militar (1964-1985), após sua saída do “Partidão” (Partido Comunista Brasileiro, o PCB), participou da fundação da Ação Libertadora Nacional (ALN) ao lado de Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, em 1967.
Por conta de sua militância, já havia sido preso em 1955 como líder sindical dos ferroviários. Atuando na clandestinidade, foi perseguido e preso novamente no ano de 1970. Durante pouco mais dos três anos em que ficou preso, passou por outros centros de repressão como o DOI-Codi/SP e Deops/SP, onde foi submetido a torturas, informa nota do núcleo. Nesse período, destacou-se como um dos militantes mais velhos, com quase 50 anos de idade, prestando auxílio aos mais jovens.
Na década de 1980, com o processo de redemocratização, formou-se bacharel em Direito e participou da fundação da CUT e do PT. Na década de 1980 participou do MUF- Movimento da Unidade Ferroviária que tinha como objetivo recuperara os sindicatos ferroviários das mãos dos interventores e pelegos. Em 2001, foi um dos fundadores do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, instituição em que atuou por muitos anos como presidente, consta no material divulgado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política.
Um militante operário, comunista. Ferroviário cuja trajetória de vida e de lutas deve ser um exemplo para todos e todas que lutam. Martinelli sempre presente.